- O que são dificuldades de processamento sensorial (DPS)?
- A dificuldade de processamento sensorial (DPS) é diferente da dificuldade na integração sensorial?
- As DPS estão investigadas?
- Quais são os sinais de dificuldade de processamento sensorial na criança?
- Como podem as crianças com DPS ser diagnosticadas?
- Como podem as crianças com DPS ser tratadas?
- Qual é o prognóstico das crianças com DPS?
- Como podem as DPS ser tratadas?
- Como é o tratamento de DPS na terapia ocupacional?
- Existem estudos que comprovem a eficácia da intervenção de terapia ocupacional com a abordagem de IS?
- Como posso encontrar um terapeuta ocupacional para trabalhar com o meu filho?
- Como posso encontrar um médico ou dentista que está ciente dos problemas de processamento sensorial?
- As crianças no espectro do autismo podem ter dificuldades de processamento sensorial?
- Como posso ajudar meu filho a adaptar-se às dificuldades sensoriais, em casa?
- Que livros ou outros materiais posso ler sobre as dificuldades de processamento sensorial ou outras necessidades?
O que são dificuldades de processamento sensorial (DPS)?
As crianças com dificuldades de processamento sensorial apresentam um perfil semelhante às crianças que tiveram privação sensorial (privadas de experiências normais por alguma razão exemplo: crianças fechadas em espaços pequenos sem estimulação), mesmo que isto não tenha acontecido. O cérebro apresenta alterações que afetam o desenvolvimento da criança, que podem ser trabalhadas, com melhores resultados nos primeiros tempos de infância (0 aos 8 anos). Embora se continuem a ver resultados após esta fase de desenvolvimento os resultados são mais rápidos nos primeiros anos, devido ao facto das conexões neuronais estarem mais ativas nesta altura, e se estabelecerem em maior número e mais facilmente quando trabalhadas em meios estimulantes.
As crianças com DPS sentem-se bombardeadas com as informações sensoriais do dia-a-dia, como o toque, som e movimento. Outras procuram experiências sensoriais intensas de movimento ou têm dificuldade em prestar atenção, permanecer sentados, comportar-se em ambientes com muita gente, etc. A criança pode apresentar problemas de comportamento, dificuldades de coordenação, entre outras.
Os sintomas das dificuldades de processamento sensorial podem ter diferentes graus de gravidade. Muitos de nós temos dificuldades ocasionais processamento de informação sensorial, mas para crianças e adultos com este problema, essas dificuldades são crónicas, e estas podem perturba-las na escola e em casa, influenciando o seu comportamento.
Existem vários tipos de dificuldades de processamento sensorial, e cada um pode resultar num certo número de diferentes padrões comportamentais e sensoriais.
Subtipos de DPS
Como o campo da integração sensorial (IS) tem amadurecido e a comunidade de investigação tem descoberto mais sobre esta área. Os médicos e outros profissionais nem sempre estão familiarizados com o termo disfunção de integração sensorial ou com a DPS, com a teoria, avaliações e intervenção e podem ter uma visão mais neurobiológica do termo, no entanto, os terapeutas ocupacionais podem-se especializar nesta área e geralmente compreendem quando se fala na DPS.
Os médicos sensibilizados para esta área podem referenciar uma criança para um terapeuta ocupacional especializado em integração sensorial, assim acontece nos Estados Unidos e Reino Unido.
A fundação de Dificuldades de Processamento Sensorial (SPD Foundation), nos Estados Unidos está a tentar propor para atualizar a terminologia de diagnóstico utilizado na integração sensorial.
A nova terminologia proposta para as categorias de diagnóstico de DPS inclui três grupos diagnósticos (Dificuldades de Modulação Sensorial, Dificuldades Discriminação Sensorial, e Dificuldades Motoras de Base Sensorial), cada um com diferentes subtipos.
A dificuldade de processamento sensorial (DPS) é diferente da dificuldade na integração sensorial?
A DPS é o termo que os profissionais de saúde estão agora a utilizar para descrever a dificuldade de integração sensorial. Dificuldade de processamento sensorial é um termo genérico para várias formas distintas de problemas de processamento sensorial.
As DPS estão investigadas?
A teoria de integração sensorial foi descoberta pela Dra. Jean Ayres, mas recentemente a investigação sobre este tema tem tido um enorme crescimento. As DPS estão a ser investigadas pela comunidade científica em vários laboratórios com centenas de crianças. Os resultados dos estudos desenvolvidos com ratos, primatas anatômicos, eletroencefalogramas, psicofisiológicos, estudos de gêmeos, estudos familiares e outros estudos estão a ser publicados em revistas profissionais com padrões de investigação cada vez mais exigentes.
As seguintes questões estão cada vez mais a ser investigadas:
- O que está acontecer nos cérebros das crianças com DPS?
- Qual a diferença entre DPS e outras dificuldades?
- Quais as características de uma criança com DPS?
- Quais os resultados do tratamento das DPS?
- Quantas pessoas se estima que tenham DPS?
- Qual a raiz das DPS?
- Existe hereditariedade na DPS?
Quais são os sinais de dificuldade de processamento sensorial na criança?
As DPS podem variar, no entanto, as crianças com DPS podem a apresentar determinados comportamentos abaixo listados:
- Não gostar do toque (são muitas vezes extremamente sensíveis) ou tocar em tudo (se apresentarem um perfil sub-responsivo);
- Não conseguir tolerar roupas com tecidos grossos ou etiquetas (por serem extremamente sensíveis ao toque), podem demonstrar pouca sensibilidade à dor ou apresentar calor ou frios extremos (sub-responsivos a estímulos);
- Girar sobre si próprios com frequência ou apresentar problemas de equilíbrio;
- Ficar agitados e desregulados com sons altos e luzes brilhantes;
- Apresentar aversões alimentares extremas;
- Sentir-se profundamente perturbadas com as mãos ou o rosto sujo;
- Precisar de ajuda excessiva para adormecer;
- Podem bater constantemente com a cabeça acidentalmente quando a deslocar-se correr ou brincar;
- Apresentar dificuldade em brincar gentilmente com os animais ou colegas;
Como podem as crianças com DPS ser diagnosticadas?
Quanto mais atempadamente as crianças com DPS são diagnosticados e iniciarem o tratamento, melhores os resultados. O diagnóstico pode começar com os pais. Informe o seu um pediatra sobre quaisquer preocupações que você tem sobre o comportamento da criança. Se existirem sinais persistentes pergunte ao seu pediatra se o poderá encaminhar para um pediatra especialista no neurodesenvolvimento. Se não conseguir acompanhamento procure um terapeuta ocupacional privado especializado em integração sensorial para que o seu filho possa ter acompanhamento o mais precocemente possível.
Como podem as crianças com DPS ser tratadas?
Depende do grau de dificuldade e do perfil sensorial que a criança apresenta. A criança pode precisar de terapia ocupacional ou terapia da fala ou um misto das duas dependendo se apresenta igualmente dificuldades na fala ou na linguagem recetiva. Os terapeutas especializados em IS orientam jogos e outras atividades para ensinar as crianças com DPS a responder adequadamente aos sons, luzes e outros estímulos, amadurecendo os seus sistemas sensoriais para que possam gradualmente processar os estímulos sensoriais de forma mais adequada.
As crianças geralmente adoram a terapia uma vez que o tratamento é feito de forma divertida com brincadeiras e jogos à mistura. Jogos de equilíbrio, trampolins, jogos com areia e água, jogos com comida para que gradualmente se adaptem a alimentos diferentes no caso de a criança apresentar problemas na alimentação. Todo o tratamento é monitorizado pelo profissional assegurando que a criança está motivada e envolvida e respeitando o seu perfil sensorial. Existem opções alternativas, como reflexologia e outros, que podem complementar os tratamentos mais tradicionais, e ajudar as crianças com maior ansiedade.
Qual é o prognóstico das crianças com DPS?
O tratamento e aconselhamento profissional ajuda as crianças com DPS a aprendem a lidar com todos os tipos de situações. Algumas crianças com DPS podem precisar de terapia especialmente quando mudam para novos ambientes, como uma nova escola, onde a terapia pode ser extremamente benéfica para ajudá-los a aprender a lidar melhor com os sons, cheiros e outras sensações que se deparam, bem como para ajudar os profissionais/professores a acomodar as necessidades das crianças na sala de aula, aumentando o seu aproveitamento escolar e melhorando o seu comportamento. A duração do tratamento varia conforme o perfil da criança. Quanto mais atempadamente for referenciada a criança melhores os resultados. A terapia pode ser um grande contributo para ajudar a desenvolver competências e para que, à medida que crescem, as crianças se sintam compreendidas e percebam como funcionam melhor, passando a viver a vida mais felizes.
Como podem as DPS ser tratadas?
As DPS são normalmente abordadas com um programa de terapia ocupacional (TO), realizado num ambiente rico em estímulos. Uma abordagem de terapia ocupacional adequada às necessidades sensoriais da criança pode alterar o funcionamento neurológico para que possa gerir a reação aos estímulos sensoriais e dar uma resposta adaptativa, comportando-se de forma mais funcional. Uma intervenção de terapia ocupacional pode ser a ponte para o sucesso da criança na participação nas várias atividades típicas da infância como brincar com os amigos, participar na escola, comer, vestir e dormir. As sessões de terapia ocupacional podem ser realizadas num hospital gabinete ou numa sala privada. O tratamento para ser eficaz deve ser adaptado às necessidades de cada criança e para isso uma boa avaliação do seu comportamento e perfil sensorial é essencial.
Como é o tratamento de DPS na terapia ocupacional?
O tratamento para as DPS é muito divertido para a criança. A intervenção baseia-se em brincadeiras e jogos estimulantes para potenciar o desenvolvimento da criança e respeitando o seu perfil sensorial. As crianças com DPS são geralmente tratadas por terapeutas ocupacionais especializados na área e a intervenção pode ser completada com o programa de escuta terapêutica (Therapeutic Listening) ou outras terapias complementares dentro da área de integração sensorial. Por vezes, outros profissionais, como fisioterapeutas, terapeutas da fala, professores ou outros podem estar familiarizados com o uso da abordagem de integração sensorial e estar envolvidos no tratamento em equipa.
O tratamento das DPS é baseado em artigos científicos, embora ainda exista muita investigação a ser feita, e existem atualmente algumas estratégias de intervenção que já estão estudadas como sendo mais eficazes do que outras. O processo clínico deve ser baseado na pesquisa científica mais recente assegurando que as estratégias mais eficazes sejam colocadas em prática no tratamento da criança.
O tratamento das DPS é centrado na família. Os pais e os terapeutas trabalham em parceria para identificar prioridades e agir como especialistas no tratamento da criança. Terapeutas aplicam as técnicas, implementam um programa terapêutico adequado à criança, aconselham a família e educadores e medem o progresso da criança permitindo aos pais serem parceiros no progresso e avaliando o seu grau de satisfação.
Existem estudos que comprovem a eficácia da intervenção de terapia ocupacional com a abordagem de IS?
A American Journal of Occupational Therapy em Março-Abril 2007 publicou o primeiro estudo que avalia o resultado da terapia ocupacional com uma abordagem de integração sensorial que reunia os critérios de classificação de ensaio clinico aleatório (estudos com maior credibilidade científica segundo a hierarquia da National Health and Medical Research Council (NHMRC). Este estudo foi o culminar de dez anos de pesquisa pela Fundação SPD e abordou as limitações metodológicas dos cerca de 80 estudos anteriores sobre a eficácia do tratamento.
Questão: Será a intervenção de Terapia Ocupacional com a abordagem de Integração Sensorial eficaz na melhoria das dificuldades de híper responsividade sensorial das crianças com DPS em comparação com um tratamento placebo ou nenhum tratamento (comparação de três grupos). Um grupo de crianças recebeu sessões de terapia ocupacional com uma abordagem de integração sensorial duas vezes por semana durante 10 semanas. O tratamento seguiu os princípios propostos pelo Dr. A. Jean Ayres.
Resultados: As crianças com híper sensibilidade que receberam tratamento de terapia ocupacional com integração sensorial tiveram melhorias estatisticamente significativas em todas as medidas, incluindo área cognitiva e social comparativamente com as outras crianças sem o mesmo tratamento.
A amostra foi pequena, 24 crianças, no entanto a pesquisa representa o primeiro estudo com rigorosidade científica da eficácia das IS na TO, e os resultados são promissores para as crianças com DPS.
Como posso encontrar um terapeuta ocupacional para trabalhar com o meu filho?
Deverá procurar um terapeuta ocupacional que se tenha especializado em integração sensorial (poderá ter uma pós graduação ou mestrado). No nosso centro terapêutico Happy Child temos terapeutas especializados e credenciados nesta área.
Deverá procurar um terapeuta ocupacional que se tenha especializado em integração sensorial (poderá ter uma pós graduação ou mestrado). No nosso centro terapêutico Happy Child temos terapeutas especializados e credenciados nesta área.
Como posso encontrar um médico ou dentista que está ciente dos problemas de processamento sensorial?
Como posso encontrar um médico ou dentista que está ciente dos problemas de processamento sensorial?
Os pediatras do neurodesenvolvimento geralmente estão mais sensibilizados para esta área.
As crianças no espectro do autismo podem ter dificuldades de processamento sensorial?
Segundo a Dra. Jean Ayres, PhD, OTR, que desenvolveu a teoria e terapia de sensorial integração, bem como o terapeuta ocupacional Dr. Lorna Jean King, acreditam que muitas crianças com autismo também têm dificuldades de processamento sensorial. Segundo os autores, a presença de DPS, contribui para muitos dos problemas comportamentais e de aprendizagem vividos por crianças no espectro do autismo, com hipersensibilidade aos estímulos sensoriais e dificuldade em dar sentido ao input auditivo e visual para entender e usar a linguagem. Uma pesquisa feita pela Sensory Processing Disorders Foundation indica que até 80% das crianças com autismo também têm SPD, mas o contrário não acontece.
Pode ler alguns dos livros de Temple Grandin. A Dra. Grandin foi diagnosticada com síndrome de Asperger e dificuldades perceptivas e sensoriais. A Dra. Grandin fez um doutoramento em ciência animal e é uma das maiores especialistas do mundo na construção de instalações pecuárias. Ela acredita que seu diagnóstico é um dom, permitindo-lhe uma extraordinária capacidade de visualizar eventos e interações na sua mente. Nos seus livros, a Dra. Grandin descreve como aprendeu a lidar com o mundo. Escreveu alguns livros intitulados “ Autism: Handle with care!” e “ Thinking in Pictures”, “The way I see it”, entre outros.
Como posso ajudar meu filho a adaptar-se às dificuldades sensoriais, em casa?
O Dr. Heather Miller-Kuhaneck, MS, OTR / L, BCP, escreveu um artigo sobre o que os pais podem fazer em casa para ajudar seus filhos. No livro pode encontrar sugestões e estratégias escritas pelo autor que poderá aplicar em casa para ajudar as crianças com problemas de integração sensorial.