Será apenas uma questão estética?
Não é apenas uma questão estética.
Os estudos científicos acerca desta questão são relativamente recentes, ainda insuficientes em numero e consensualidade pelo que existe uma certa desvalorização relativamente às consequências clínicas desta patologia.
É importante considerar que existe um crescimento craniano bastante rápido nos dois primeiros anos de vida, e que mais de 50% dos casos de Plagiocefalia são reduzidos apenas com medidas cautelosas de posicionamento. No entanto, existem alguns casos que pioram com o tempo.
Já temos vários estudos que relacionam a existência de plagiocefalia e atrasos de desenvolvimento motor e cognitivo e, sobretudo, a possibilidade de influenciar o aparecimento de outras situações clínicas como:
- alterações visuais (estrabismo);
- alterações auditivas e de equilíbrio;
- alterações da oclusão dentária;
- escoliose.
- dores de cabeça;
Como prevenir e tratar a Plagiocefalia?
Prevenção
O adequado esclarecimento aos pais durante o primeiro mês de vida acerca de reposicionamento é essencial para prevenir a PLP.
As recomendações gerais mais importantes incluem:
- Alternar ao longo do dia a posição da cabeça do lactente;
- Durante a noite, colocar de barriga para cima e alternar a posição da cabeça;
- Alterar a localização do berço no quarto ou fazer a cama «ao contrário»,
- Quando acordado, colocar por períodos de barriga para baixo, sob supervisão («Tummy time») mais de 3 vezes durante um dia, durante um total de cerca de 30 minutos por dia;
- Evitar deixar o lactente permanecer durante longos períodos dentro o ovo e nos carros de passeio;
- Se sob aleitamento artificial, evitar dar o biberão sempre na mesma posição.
- Utilização de almofada adequada para distribuição adequada da pressão sobre cranio (sobretudo antes dos 4m)
Tratamento: Fisioterapia
Na Fisioterapia temos o objetivo geral de diminuir pressão sobre lado afetado, promover a mobilidade craniana e, nos casos de PLP por torcicolo muscular congénito deve-se considerar a realização regular de fisioterapia e ensino para os pais no domicílio.
Em termos de objetivos mais específicos temos:
- A orientação de estímulos visuais para o lado desejado (do lado contrário ao afetado – counterpositioning);
- Nas situações em que a PLP se associa a torcicolo congénito, alongar e estimular corretamente a musculatura envolvida, (exercícios de extensão da cabeça; rotação lateral da cabeça (queixo-ombro)e movimentos suaves de inclinação lateral);
- Exercícios para redução de preferências posturais, estimulação desenvolvimento motor;
- Estar alerta para outras alterações que possam surgir e proceder ao aconselhamento, intervenção e/ou encaminhamento adequado (alterações de tónus muscular, atraso desenvolvimento, etc. );
E nos casos mais severos, qual a abordagem?
Em casos severos ou quando outras terapêuticas se mostraram insuficientes para tratar a PLP pode ser necessário o uso do capacete (ortótese feita à medida).
Que tipo de ortóteses existem?
Existem ortóteses passivas/ativas ou dinâmicas, não restringem o crescimento normal.
Por quanto tempo deve a criança usar as ortóteses durante o dia e por quanto tempo?
As ortóteses requerem utilização diária por períodos prolongados (cerca de 23 horas por dia), com uma duração média de 13 semanas, apresentando maior benefício quando usadas entre os 4 e os 9 meses e sendo pouco eficazes depois dos 12 meses.
No entanto o impacto psicológico é uma clara desvantagem para o seu uso, assim como o desenvolvimento de úlceras de pressão, entre outros problemas.
Existe mais algum tratamento complementar para além da utilização da ortótese?
Existe igualmente o tratamento da Plagiocefalia através da terapia manual. Este terapia permite que a mobilidade craniana seja estudada e devolvida quando ausente.
Quais os benefícios da terapia manual na plagiocefalia?
- Enquanto a utilização da ortótese apenas intervém na assimetria do crânio, a terapia manual tem outros benefícios complementares.
- As técnicas manuais são suaves, agradáveis, relaxantes, e procuram o equilíbrio e o relaxamento de todas as estruturas que estão em tensão e com bloqueios de movimento.
- Através das mãos, do tato, da sensibilidade do terapeuta, são constatados bloqueios ou alterações no movimento fisiológico entre as suturas cranianas, durante a avaliação manual, podendo ser assim posteriormente devolvida.
- A mobilidade fisiológica dos ossos cranianos é fundamental para o desenvolvimento normal psico-motor da criança, evitando consequências graves no futuro a vários níveis, quer estruturais quer funcionais.
Resumindo, com o uso destas técnicas a mobilidade craniana é estudada e devolvida quando ausente, trabalhando para uma melhor simetria craniana. Graças à plasticidade e ao crescimento dos ossos do crânio, esta intervenção tem impacto no desenvolvimento piscomotor da criança.






